Todos nós sabemos que o Kpop é um estilo musical bem diversificado, que engloba vários conceitos e que une várias pessoas em torno de uma cultura rica e diversificada. Também sabemos que a comunidade kpopper soteropolitana é um campo minado com opiniões bem diversas e polêmicas, e que a comunidade kpopper de Feira de Santana ainda está crescendo aos poucos. Mas e quanto a relação dos kpoppers com seus pais e desses pais com o resto da comunidade?
Assim como a relação dos kpoppers com a comunidade, o convívio destes jovens com seus pais também tende a ser conturbado e repleto de altos e baixos. Segundo dados da pesquisa feita sobre a KBE sobre o tema, 50% dos entrevistados responderam que não têm um bom relacionamento com seus pais e/ou responsáveis. Mas será que este clima negativo entre pais e filhos é por causa do kpop? Difícil afirmar com certeza, mas o que mais preocupa os familiares não é o estilo musical em si, são as pessoas que ouvem as músicas. Pela vivência que todos nós temos com a comunidade, vemos que é um fato comprovado que a maior parte do público kpopper (principalmente masculino) é composta por não heterossexuais ou heterossexuais sem preconceito. E isto é visto com negatividade por uma grande fatia dos pais de kpoppers da comunidade baiana.
A visão de uma mãe
Porém, nem tudo está perdido. Além de depoimentos muito tristes e sofridos que recebemos, também tivemos alguns poucos realmente felizes. Nem todos os "pais do kpop" são preconceituosos e opressores. E é para representar estes pais mente aberta e que realmente apoiam seus filhos que fizemos uma rápida entrevista com a senhora Luz Marina, mãe de Lara Luz (integrante do grupo cover Inikihek)!
KBE: Você é uma das mães que mais está presente no meio kpopper. Como é este convívio com o pessoal?
Luz: Realmente sou uma mãe bastante presente na vida da minha filha e também nos eventos Orientais e Kpop que ela frequenta. Gosto muito de interagir com o publico que frequenta pois assim estarei mais próxima da minha filha e das pessoas que ela convive nestes eventos.
KBE: Na pesquisa realizada por nós, vimos que grande parte dos pais possuem uma visão negativa do que é o kpop e acham que isso pode influenciar negativamente seus filhos. Qual a sua opinião sobre isso?
Luz: Se ela gosta do Kpop, ele pode Influenciar negativamente minha filha? Não sei em que! Pois estou sempre ao lado dela, dou uma boa educação e orientação para ela. E não é o convívio dela com homossexuais que vai tirá-la do meu lado. Pois, independente do público que frequenta, amo todos eles, pois passei a conhece-los mais de perto e ver que alguns são tristes e rejeitados pela sua orientação social e sexual. Amo minha filha e jamais vou deixar de apoiá-la em sua vida, pois este é o momento que eles mais precisam de nosso apoio. O que influencia negativamente nossos filhos é a falta do nosso amor para com eles. Sou apaixonada pela cultura oriental e isso me deixa bem a vontade para frequentar e curtir os eventos com ela e seus amigos.
KBE: O que você acha que poderia acontecer para mudar a mentalidade dos pais e responsáveis que proíbem os filhos de ir para os eventos achando que vão ser ambientes inadequados?
Luz: Na minha opinião eles deveriam frequentar mais os eventos junto com seus filhos, participar das ações sociais e conhecer os amigos e colegas deles mais de perto. Eu faço isso e não me arrependo.
Como foi visto na entrevista, nem tudo está perdido. Existem pais que são amorosos e compreensivos com seus filhos, e também existem filhos que querem trazer seus pais para conhecer este universo novo da cultura asiática. Segundo a nossa pesquisa, 60% dos entrevistados afirmaram que levariam seus familiares para eventos do gênero, enquanto 22% responderam que talvez levariam, dependendo do evento.
Sim, mudar é difícil, mas não é impossível. O relacionamento com nossos pais pode não ser satisfatório, podemos brigar muito e chorar mais ainda por causa disso, mas podemos mudar. Se eles não podem melhorar por conta própria, vamos ajudar eles a se tornarem mais receptivos para a diversidade e para as outras culturas. Com um pouco de amor vamos conseguir assentar pedra por pedra desse longo caminho que é a aceitação.
Sim, mudar é difícil, mas não é impossível. O relacionamento com nossos pais pode não ser satisfatório, podemos brigar muito e chorar mais ainda por causa disso, mas podemos mudar. Se eles não podem melhorar por conta própria, vamos ajudar eles a se tornarem mais receptivos para a diversidade e para as outras culturas. Com um pouco de amor vamos conseguir assentar pedra por pedra desse longo caminho que é a aceitação.
Escrito por: Junot Freire